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segunda-feira, 19 de novembro de 2012
Trecho: No Caminho de Swann
"Dentre os que apreciavam objetos de arte, que amavam os versos,
contabilizavam os cálculos vis, sonhavam com a honra e o amor, ela
formava uma minoria superior ao restante da humanidade. Não era preciso
que tivessem de fato aqueles gostos, desde que os afirmassem; de um
homem que lhe confessara, no jantar, que gostava de andar à toa, de
sujar os dedos nas velhas lojas, que nunca seria apreciado por este século mercantil, pois não se preocupava com os interesses desta
época e portanto, pertencia a outro tempo, dizia ela ao voltar: "É uma
alma adorável, uma pessoa sensível, eu não tinha desconfiado disso!" e
sentia por ele uma imensa e repentina amizade. Mas em compensação,
aqueles que, como Swann, tinham tais gostos mas não os externavam,
deixavam-na indiferente. Certo, era forçada a confessar que Swann não
ligava para o dinheiro, mas acrescentava com ar entediado: "Mas no caso
dele, é outra coisa"; e, de fato, o que falava à sua imaginação não era a
prática do desinteresse, e sim o seu vocabulário."
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